domingo, 27 de junho de 2010

Espantalho

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Construções

Trecho do livro "Um, nenhum, cem mil" de Luigi Pirandello (tradução de Maurício Santana Dias, edição da Cosacnaify):

     (...) O homem também toma a si mesmo como matéria e se constrói, sim, senhores, como uma casa.
     Vocês acreditam que podem conhecer a si mesmos sem se construírem de algum modo? E que eu possa conhecê-los sem construí-los um pouco a meu modo? E vocês a mim, sem me construírem a seu modo? Podemos conhecer apenas aquilo a que conseguimos dar forma. Mas que conhecimento é esse? Talves esta forma seja a coisa mesma? Sim, tanto para mim quanto para vocês; mas não a mesma para mim e para vocês. Tanto isso é verdade que eu não me reconheço na forma que vocês me dão, nem vocês, naquela que eu lhes dou. Além disso, a mesma coisa não é igual para todos e, mesmo para cada um de nós, pode mudar continuamente - e de fato muda sem cessar.
     E no entanto não há outra realidade fora desta, senão na forma momentânea que conseguimos dar a nós mesmos, aos outros, às coisas. A realidade que tenho para vocês está na forma que vocês me dão; mas é realidade para vocês, não para mim. A realidade que vocês têm para mim está na forma que eu lhes dou; mas é realidade para mim, não para vocês. E, para mim mesmo, não tenho outra realidade senão na forma que consigo me dar. Como assim? Construindo-me.
     Ah, vocês acham que só se constroem casas? Eu me construo e os construo continuamente, e vocês fazem o mesmo. E a construção dura enquanto o material dos nossos sentimentos não desmorona, quanto dura o cimento da nossa vontade. Por que vocês acham que se recomenda tanto a firmeza de vontade ou a constância nos sentimentos? Basta que esta vacile um pouco, ou que aquela se altere em um ponto e mude minimamente... e adeus nossa realidade! Subitamente nos damos conta de que tudo não passava de uma ilusão nossa.
     Portanto, firmeza de vontade. Constância nos sentimentos. Segurem-se forte, segurem-se forte para não dar esses mergulhos no vazio, para não ir de encontro a essas ingratas surpresas.
     (...)

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Lei da Metamorfose

Conto de Herberto Helder, do belo livro "Os Passos em Volta":
Teoria das Cores
   Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar‑se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia‑se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
   O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam‑se na observação dos fatos e punham‑se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor – sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
   Ao meditar sobre as razões da mudança exatamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efetuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.
   Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.

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sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago - 16/11/1922 - 18/06/2010

É sempre estranho (sentir) perder alguém tão querido e tão próximo, mesmo que essa afeição e proximidade sejam feitas pela literatura, mas estendidas ao ser humano, que existe, escreve, deixa de existir.



http://www.josesaramago.org/

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Molly

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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Black Vs Blue.



O papel
A caneta
(Uma noite de um ano qualquer)
E ainda me resta muita tinta!

Se topar com a Coragem,
Diga que estou com você nos pensamentos
E já formulei ate as rimas.

Acalme covardia!

Não citarei seu nome
E nem difamarei sua imagem
Apenas quero representar o momento em versos,
em prosa,
em rima sem rumo,
em suma.

O silêncio não paira no Ar.
Ele é quebrado pelos ruídos noturnos dos meus sentimentos!
O assunto mudou.
O motivo não!

black(1)

sábado, 5 de junho de 2010


"No mistério do Sem-Fim
equilibra-se um planeta

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro:
no canteiro, uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o Sem-Fim
a asa de uma borboleta."

Poema de Cecília Meireles, do livro "Verdes Reinos Encantados".

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terça-feira, 1 de junho de 2010

A escolha do nome: eis tudo.


Do livro "Transposição" (de 1969) de Orides Fontela:


O NOME

A escolha do nome: eis tudo.

O nome circunscreve
o novo homem: o mesmo,
repetição do humano
no ser não nomeado.

O homem em branco, virgem
da palavra
é ser acontecido:
sua existência nua
pede o nome.

Nome
branco sagrado que não
define, porém aponta:
que o aproxima de nós
marcado do verbo humano.

A escolha do nome: eis
o segredo.
*Pintura: La Patience, de Balthus.

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