Aflição
Primeiro poema (soneto?) do livro "Sonetos Que Não São", de Hilda Hilst:
I
Aflição de ser terra
Em meio às águas
PÉRICLES E. DA SILVA RAMOS
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar... se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
Marcadores: Hilda Hilst
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