Quinta-feira passada, dia 13/11, estive no Chevrolet Hall durante o 9° Encontro de Literaturas (gostava mais da confusão dos corredores cheios da Serraria Souza Pinto, sem falar da variedade de estandes, inclusive de sebos -deixar a Livraria Amadeu de fora não pode!-, que ficaram faltando no evento deste ano), então, estive lá, durante o Proseado, destaque para a escritora, professora, jornalista, mestra em psicologia social, Rosália Diogo, que lançou o livro "Rasuras No Espelho de Narciso - educadoras negras e a crítica às representações do negro na mídia". Quando já me preparava pra ir embora, num estande, pelo qual havia passado direto antes, havia uns camaradas levando um som, reconheci o Ricardo Aleixo e o Bruno Brum, parei lá e fiquei folheando uns livros deles e curtindo o som e as poesias que iam mandando. Fui chegando e acabei conhecendo também o Chico de Paula e o Waldemar Euzébio, figuraças! Tava muito bom... Para quem não os conhece a seguir há um texto de cada, fico devendo um do Waldemar..., e corram atrás dos livros deles, que são muito bons!
Do livro "cada" de Bruno Brum:
Do livro "Máquina Zero" de Ricardo Aleixo:
Do livro "44", de Chico de Paula:
Do livro "cada" de Bruno Brum:
Fora
Escarafunchando
ninhos de
garranchos
como se
grunhisse arpejos
&
arranjos
de repente se
acham cachos
donde
desabrocham
carinhos
&
carunchos.
Do livro "Máquina Zero" de Ricardo Aleixo:
Paupéria revisitada
Putas, como os deuses,
vendem quando dão.
Poetas, não.
Policiais e pistoleiros
vendem segurança
(isto é, vingança ou proteção).
Poetas se gabam do limbo, do veto
do censor, do exílio, da vaia
e do dinheiro não.
Poesia é pão (para
o espírito, se diz), mas atenção:
o padeiro da esquina balofa
vive do que faz; o mais
fino poeta, não.
Poetas dão de graça
o ar de sua graça
(e ainda troçam
- na companhia das traças -
de tal "nobre condição").
Pastores e padres vendem
lotes no céu
à prestação.
Políticos compram &
(se) vendem
na primeira ocasião.
Poetas (posto que vivem
de brisa) fazem do No, thanks
seu refrão.
Do livro "44", de Chico de Paula:
ATESTADOS DE ÓBITO
1.Médica legista. Os cabelos repicados, castanhos, a orelha semidescoberta. Curtos. Ou quase curtos. A boca quase trêmula, quase insinuante. Os olhos fixos no corpo. As mãos esperando o momento de tocar e analisar todas as causas. Movimentos hesitantes. Quando ela me descobriu, eu ainda estava vivo.2.Acupunturista. Mãos firmes. Aponta sempre para onde? Cutuca feridas, espreme pontos nevrálgicos, planta intriga, semeia raiva. A calma e a paciência orientais nunca foram o seu forte, já que aprendeu o ofício no ocidente - onde nasceu, como forma de ganha-pão, que nunca amassou. Nem o diabo, que sempre teve coisa melhor pra fazer.3.Piloto de ambulância. Ficou surdo levando pacientemente enfermos sem nenhuma paciência. Parou de escutar. A tecnologia de emissão melódica de gemidos extremamente altos e cortantes passou a ser apenas uma paisagem rotatória, intermitente, sem muita dor. Isso pra ele foi a morte.4.Deus. Já não existia quando foi inventado.
Marcadores: Bruno Brum, Chico de Paula, Ricardo Aleixo
1 Comentários:
Mais uma vez eu dormi, dormi, dormi, e quando acordei o Encontro das Literaturas já tinha acabado... eu durmo demais... até para enviar este comentário tá osso, estou dormindo... espero que vá!
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