Poema de Régis Bonvicino:
Más Companhias
mamãe dizia
meu filho
não ande
com más companhias
a anarquia a maconha
o ácido
eram más companhias
& aquele mar da bahia
(onde o mar maresia)
andar com joyce
debaixo do braço
& fazer
poesiaemgreveqorpoestranhomuda
alegria
dor
& fantasia
& naquele tempo
a democracia
era má companhia
(& hoje ainda
parece ambrosia)
rimas
são más companhias
climas & céus experimentados
estar vivo
era estar mal acompanhado
horas &horas
aéreo & avoado
motivo de escárnio
para os alinhados
a vida mesma
era má companhia
estar morto & só
era o que eu podia
a cibalenaspirina
o barbitúrico
diempax
que vicia
é má companhia
& o poder
(o rei passou
& com ele a companhia)
os mass media
& este mundo
só
da tecnologia
& a fantasia
pode pensar o dia
a dia?
& combater a preguiça & a entropia
da língua
quem paga o preço
& não xinga?
& certa verdade
é má companhia
& a princesa
beijou o trovador que dormia
a corte se escandalizou
ela explicou
não beijei o homem
mas a boca
de onde sai tal poesia
& a rebeldia
fala plena da adolescência
fala vazia
múmias
ímãs
são más companhias
& a cara-metade
& uma lírica
de rostinho colado
à realidade
de pura autoria
com quem se convive
é má companhia
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